O AMOR

Não existe um modelo de amor.

Um manual que o explique,

um encarte entre as suas dobras.

Aliás, ele não existe.

É só um conceito aplicável à volúpia do sangue,

denominado mas não explicável.

Quando se iniciou a saga humana,

o que havia era só a fúria, a luta

pela sobrevivência, a proteção.

O amor surgiu como parceiro da posse;

obrigava a mesma a se envolver

com o objeto protegido desenvolvendo

o instinto feudal do amor.

Suas variantes todo mundo conhece,

às vezes se associa à loucura,

a obriga a atos desvairados,

nunca atinge a benevolência.

Incendeia relações com o ciúme,

a insegurança, o medo e o pavor.

Se aquieta quando as pressões

se equiparam; ele, o amor,

também precisa de descanso.

Por isso a existência da velhice,

dos que se amam interminávelmente.

Mas, a maior parceira do amor é a morte.

Se juntam para praticar atrocidades.

O homem mata a mulher por amor.

A mãe abandona o bebê por amor.

O sequestro praticado, por amor.

Mesmo que saibamos que ele

não possue forma, anda pelo

mundo e dizem já o tê-lo

visto incitando revoluções.

........................