Dia de África
Disseste “Vou pôr-te no Paraíso”.
Ao mesmo tempo, me deslumbras, e assustas.
Porque os paraísos, na Terra, são cheios de espinhos
E a flor que me deste, abre durante o dia mas
fecha-se
quando se esconde o Sol...
Disseste “Vou pôr-te no Paraíso”.
Mas eu só posso olhar lá para fora através das janelas gradeadas.
Pois lá fora está frio, e os predadores podem arrebatar-me a vida e
os haveres
No entanto, a praia e a montanha não mudam de natureza só porque haja
espinhos ou predadores...
E eu sei que sempre hei-de passear-me pelos trilhos das gaivotas e das gazelas
E que sempre hei-de encontrar-te em todos os meus caminhos...
© Myriam Jubilot de Carvalho,
1995