Se te ver na fila do mercado.
Um dia te encontrarei.
Nem que fora na beira do abismo,
caindo contigo.
Caindo comigo.
Todos os copos que virei essa noite nunca serão,
não o bastante.
Ninguém é suficiente.
Abraço postes,
beijo lápides.
Arranho algumas cordas enferrujadas.
É, um dia.
E irei fingir que estou falando ao telefone,
passar reto.
Igual você dentro de si mesma,
negando o que tinha vontade.
Acenando e deixando qualquer pedaço de saudade se espatifar contra o muro.
Sempre com seus sapatos,
mostrando a metade da parte superior do pé.
Nunca te deixou alta o suficiente,
nem a bebida te engoliu.
Como um pavio pegando fogo,
a ponta dos dedos pra apagar.
Desejei nunca ter te acendido,
não por hora.
O ano está indo embora, comigo de carona,
e
deixo um rastro de perguntas inacabadas,
de coisas que não terminei e que não irei
terminar.
Um dia,
com seus seios no horizonte se tornando
prepotente e arrogante.
Podendo desviar qualquer olhar
com uma palavra amarga.
Irei mudar o lado da calçada,
pisar mais no acelerador,
correr contra o vento.
Podendo assim, pelo menos,
fingir que escondo toda a dor.
Caminhos duros até lá.
Poema da obra: Madrugada adentro como essas, costumam me puxar pelos calcanhares todas as noites.
Onde me encontrar:
Site oficial: hudsonoficial.com
Instagram: @hudsonhenriquer
Links: linktr.ee/hudsonhenrique
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