EU, ELA...
Eu, numa margem,
ela, na outra:
o rio da vida impede o amor
ou a canoa feita à mão
não sobreviveria
à paixão
um tanto quanto
frágil,
ou é só pudor?
Ela,
da janela,
me acena,
me chama:
eu, que nunca fiz uma escada,
será que terei que me infiltrar numa revoada,
ou subirei pela parede ensaboada
feito lagartixa apaixonada
em busca de um beijo sedutor
guardado nos lábios do meu amor?
Eu, reticente,
mordo palavras entre os dentes
quando ela, de repente,
diz:
ou casa, ou nada...
Eu penso: será que a aliança caberá
ou só me medro por não saber amar
o tanto quanto ela me ama,
essa garota bacana?