[O AMOR DOS AMANTES] (Dueto)


A vasta eternidade d’um tempo...
sem começo... e sem fim
E então o Eterno deu o tempo...
...aos amantes
Mas... por que o tempo par’eles...
... é tão breve?

Amar... como os amantes... amam
No que eles reciprocamente se desejam
E não querem perder... tempo
[Eis que se buscam a todo instante...

E, quem sabe, a exemplo de todos amantes...
amo a quem amo... como amante a de quem amo... sou
Que, como eles, não pretendo então perder... tempo

E como então amo?
Bebo o mais saboroso vinho (do amor)...
Quando, pois, desfruto meus olhos da graça de minh’amada
Ainda que seja por um breve instante
E assim, não perco tempo
Mais vale um rápido momento... do que nada

E, como os viciados em seus tragos, busco então sua volta
Como igualmente os amantes a buscar outra vez o seu prazer
Para minh’amada abro todo o meu peito (sem temor)
No qu’ela já nele cravou uma flecha (aguçada de amor)
Àquela que toda minha vida eu oferto (sem resistir, sem vacilar)
Em que nos entregaremos um ao outro... em tudo
Nas trocas de nossos olhares
Nos carinhos de nossos afagos
Nos ditos de nossas palavras
Nas descobertas de nossos corpos
Em todos nossos toques
Entre beijos, abraços, atrevidas pegadas
Não importa qual lugar se nele estamos,
E dele fazemos nosso paraíso
Com os prazeres e sem
A serpente...

Todo lugar... vale... o momento do amor...
...e da paixão
Faço-me mar, que se espraia, lambendo-a
...no vai e vem de minhas águas
Onde despertos nos encontramos... entre respiros e afagos
...entre suspiros e gemidos
Nos olhares a que naquel’hora,
Trocamos e nos atraímos...
Nas mobilidades, serpenteantes, dos membros
a se abraçarem... e se juntarem
Corpos desnudos... eletrizados... suados...
Respirações ofegantes...
Adrenalina presente...
Frenético fluxo de arrepios... e, às vezes, tremores...
Corpos febris (ainda que, na verdade, “afebris”)
Alternados e espontâneos decúbitos em todo canto
Cabelos a se despentearem,
Faces a se redesenharem
As feições...

Nascentes fluidos... latejantes ou dilatados
Sentimentos “aquáticos”
Almas uivantes
Corpos no cio
Um breve místico instante da eternidade naquele momento

[Êxtases nos olhos...

Ah! Por que o amor dos amantes pelas religiões é condenado?
O justifica em sê-lo chamado... de pecado?
Ah! essa maldita mania de querer por regras... em tudo!
Contudo, felizes são os que amam (a exemplo dos amantes)
Visto que não s’embaraçam sua vidas com regras
Não em nome d’um hipócrita amor doutrinados nos templos
Deste amor falso e vazio que os catequistas pregam

Oh! Desfrutemos enquanto pudermos do “amor dos amantes”
E esqueça tudo o que as igrejas denunciaram a esse respeito

E o qu’eu mais aqui digo?
Siga, pois o que prega o profeta do Rubaiyat :
“Não hesites em beber e gozar com o amor” (Omar khayyam)




“H” e Juli Lima
















Paul Mauriat - Amada amante (Ouça)







Love is blue · Paul Mauriat (ouça)















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