O AMOR ETERNO
A saudade é um tempo perdido no divã
É leite derramado
Sentirei falta de você quando você não estiver comigo amanhã
Pois hoje nada me leva até você se não o que é passado...
É como um livro lido e deixado de lado
Conheço tudo que as letras em pegadas
Me levaram até o final sem ser determinado...
Mais depois disso a outra parte do livro
Não escrito eu mesmo tenho que fazer
Andando por um caminho sem volta num campo minado
Cuja folha que o vento derruba da árvore
Jamais volta pra ela novamente depois de havê-la tombado
Qual a caça cujo caçador espreita
Mais mal sabe ele que desta vez ele é a presa
Como água controlada pela represa
Que lhe admira ao mesmo tempo que a rejeita...
E o tempo ao invés de aquarela tudo amarela
E tudo se revela no abandono da escuridão
Quando estamos sós a sombra ri da gente
Como hienas causticantes quando caçam
A nossa carne e as vemos comerem
Como vermes na decomposição do cadáver
Sem nada poder fazer a não ser sentindo a nossa dor
Dizer a elas que na cadeia alimentar
Um dia é da caça e no outro é do caçador
Assim vamos nos transformando dentro de uns
E dentro de outros cuja escuridão é tão profunda
Cuja profundeza dos mares jamais alcança a luz
Assim é que fizeram com nosso Mestre Jesus
Lhes quiseram tirar o oceano de um momento
Cujo lenimento era o nascimento dentro do ventre
De sua mãe Maria que trazia em sua placenta
Todas as águas primordiais e ainda assim
Eis o rio da fé se unindo com o da verdade
Ele dentro dela lhes oferecia o céu da eternidade...