ABRAÇOS

Quantos sacos de areia

levantei com estes braços,

outro tanto de cimento,

madeira para o forro,

carriolas de areia,

tijolos...

Apanhei frutas lá no alto,

peixes na beira do rio,

quantas lutas, combates,

braços para carregar sacolas,

vacinas, injeções, pernilongos,

com estes braços, me movi...

Um dia, atravessei a rua,

pus os pés na outra calçada,

fiquei pasmo, estaquei...

Te vi, visão de um paraíso perdido,

simples como uma rosa na beira da estrada,

a humanidade diante de mim,

despiu meus olhos,

minha alma..

Então descobri

para que serviam meus braços,

não só para o trabalho,

para dizer - vá por ali...

Me veio a vontade de te abraçar,

dar um sentido para os músculos,

aliviar a tensão e te aninhar

entre meus braços...