O ESPELHO

Perante ti que mentiras haverão?

Minha face grita os dramas estampados em suas rugas

Meu olhar que se afoga clama em nome de suas cegueiras

Meu silêncio congelado diz que grita pra aquecer suas tristes fugas

E eu me mostro revestido na nudez de minhas profundezas!

Eu aqui sou o eu que não me conheceu, sou a sombra da luz irreal

Aqui meu verbo conjuga inércia, aqui meu verme é saúde pra mim

Frente a ti sou defensor de minha condenação, sou o bem de meu mal

Busco ver meu riso, mas desfila uma pisoteada rama de jasmim!

Aqui não maquilo as agruras, não há máscaras que me apartem das feiúras

Aqui não me abraça a leviandade, nem me beija a hipocrisia

Só me tenho, só me vejo e no chão do que não sou subo às alturas

Pois aqui, a lágrima que rega o enrugado ser é sua única poesia!

É por isso que te visito...creio em ti!

Teu silêncio me diz muito, teu refletir tudo me mostra

Mundo a fora és endereço da vaidade e o templo de quem se cultua

No meu mundo és somente pedaço meu

Não vejo rosto e nem beleza, vejo uma triste alma nua!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 05/11/2007
Reeditado em 01/01/2012
Código do texto: T724417
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