ARCO-ÍRIS NOTURNO
Com a gula do vampiro perdido
na noite de uma festa de mascarados
procuro-te o sexo
e te dou de comer bombom
na boquinha,
vestido apenas com o escarlate
do beijo teu
atravesso a cidade povoada
de escorpiões bebuns
guiado por cachorros-loucos
e pássaros cegos
estou amarrado aos átomos sangrantes
da ruptura espiritual
que reduziu o planeta a uma caravana
cigana no deserto feito de chamas
e se durante o dia sou o tirano
o chefão do coração de pedra
a noite te serve despudoradamente
discreta
na bandeja das carências sem limite
O pássaro cósmico derrama lágrima lilás
antes que o dia nasça
encerrando a tempestade
na elevação de um arco-íris noturno
sobre o nosso amor
o nosso amor feito nas lagoas
iluminado pelos vaga-lumes
vagabundos das luas cobertas
das abóboras-mascaradas
das bruxas-carnavidentes
o nosso amor de brigas e lambanças
amor de sangue e de trapaça
deixado no carteado do cassino
clandestino que aponta o fim