Liberdade

Me sinto um passarinho numa gaiola pequena, alguns dias me soltam no quintal, mas é por pouco tempo. E logo me pegam e prendem novamente

Mas eu deveria me sentir bem, afinal me alimentam, me dão água, me dão carinho, e as vezes me soltam no quintal...

As vezes posso ser livre, e sentir o vento em minhas asas, a brisa no meu rosto e o gosto da liberdade.

Porém acontece de eu me cansar rápido de voar e volto pro meu puleiro sem ninguém pedir, dentro da minha gaiola pequena.

Sinto calafrios, o medo e a responsabilidade da liberdade me assolam...

Se eu for finalmente embora, vou conseguir me alimentar sozinha? Vou achar água potável? Vou receber carinho?

Essa incerteza me atormenta...

Já estive em gaiolas menores, ja estive quase a ponto de sufocar... Nunca me soltavam no quintal, nem as vezes ...

A comida não era tão saborosa, o carinho era de vez em quando

Arranquei minhas próprias penas, uma a uma, definhei...

Hoje olho as cicatrizes e não quero ser presa numa gaiola minúscula novamente

Então encontrei um quintal, ele tinha árvores lindas, tinha espaço e uma promessa de liberdade...

Não durou até que mostrassem uma gaiolinha, disseram-me que seria só as vezes, só pra dormir, depois só pra comer... E quando me dei conta a gaiola tinha fechadura, e o quintal virou algo que anseava todo dia

Mas só poderia ir as vezes, e nessas vezes era observada, e nessas vezes tinha que logo voltar...

Me adaptei a gaiola, achei confortante e me acomodei.

Hoje o quintal as vezes quero, e as vezes tenho medo...

Medo de perder a gaiola e não sobreviver mais sem ela