UTI novamente

A vida por um fio

Novamente a corda bamba

De um lado a vida colorida

Do outro a sombra do desconhecido

Flertarmos a morte e eu

Já tem um ano essa aproximação

Ela seduz, eu me esquivo

Feito donzela virgem eu fujo

A morte é bela eu a vi novamente

Tem corpo moreno e cabelos negros

Não é terna, nem doce, mas bela

Quão bela a morte pode ser

Em um ano morri três vezes

Desvivi porque domino as palavras

E desmorri porque domino os sonhos

Ignoto amigo, ao ver a morte

Não pense em filhos ou família

Vai doer demais

Pense nas paisagens do mundo

Lembre das coxas da pessoa amada

E vá em paz

Morrer é uma cópula eterna o ser e o não ser

Entre a existência e o nada

Eu escolho existir

Coito interrompido no leito da uti

Das outras vezes sai do hospital pra cama ela

Amanha sairei do hospital para a areia de trindade

Se um dia morte enfim me seduzir

Que seja na beira do mar banhado em luar