GÊNESE DA PAIXÃO

Quantas vezes bebi em teus lábios

palavras que meu poema pedia...

Teu arfar foi um sussurro sábio

que o desejo, em versos, urdia...

Fostes a criação e a própria cria

reinventada em minha imaginação...

Fui o grafite na caverna em que rias

de meus traços em forma de coração...

Nenhum homem sabe do feminino

até que seja amado e ame igual...

Da catedral do amor ele ouve o sino

e se torna partícipe do sentir sideral...

És tão bonita que até assusta a feiura

que não completou o ciclo da beleza...

Quando te vejo de longe me dá gastura

por não poder te beijar com delicadeza...

Fui mármore dormindo dentro da bruta

forma que o escultor lapidou por ver

que havia a gênese da paixão que luta

para vir à tona, feito eu e você...