O AMOR AUSENTE
Um dia percebi que te fostes de mim
Por mais que eu tentasse te segurar
Como quem tenta segurar as raízes do meu ser
Estava eu percebendo que eram cicatrizes
Que eu não as deixava curar e recrudescer
O esquecimento é como um barco
Vai por entre as vagas levando pessoas
Rumo ao destino que elas procuram
E eis que de repente tudo some
E se encalha e o momento agora é outro
A paciência da água que volta mansamente
E de repente tudo se solta novamente...em mágoa
E o cenário já não é mais o mesmo
O tempo mudou, as estruturas mudaram as faces
Mais algo fez com que isso as maquiagens as mudasse
Nada é por acaso...Nada é se é a esmo...
Não se ama e nem se desama por uma razão
Há algo que se desarruma nesta bagagem
Mais tudo é parte que não se reparte do coração
Tudo é tão rápido que passa como uma miragem...
Por isso viva, absolva, tudo que podes reter
E devolvas e revolvas tudo aquilo que não podes dar
Porque se amas alguém tua vida não será em vão
E se porventura és amado nunca havereis de morrer...
Perdão é tudo quando as rasuras do amor
Conseguem ser apagadas sem dor
As estrelas só deixam pegadas se houver escuridão
Coração só sofre quando há solidão
Mudam as noites de mão
Quem sabe amanhã esteja meu coração
Numa outra constelação
Não busco os que me leem a me servir
Mais nos que não conseguem escrever
Aquilo que neles eu posso sentir
Não te procuro mais te esconjuro
Pois agora sou este equinócio
Este escuro ser obscuro
Que quer amanhecer como hóstia no teu sacerdócio
Vem antes que eu vá ao teu encontro
Pois quando te procuro
Sou como um ébrio e tonto
Tentando te encontrar qual morcego no escuro...
Enfim voeis como os pólens das flores
Mais nunca duvideis da solidão e do cio
Que morremos sim de amores
Assim como ainda sentimos arrepios e frio
Mesmo debaixo dos cobertores...