O MUNDO CABE NO SONHO
O MUNDO CABE NO SONHO
O vórtice do tempo parou ante o caos e, uma luz feita de muitas luzes, pairou em mim quando teus olhos nos meus olhos acenderam o sorriso da mais esplêndida aurora.
Não sinto o cansaço do tempo, e o vento meu companheiro e, confi-dente amigo diz-me segredos e carrega meus medos. Não sou barco sem rumo, embora muitas milhas me separem do porto de minha saudade. Peregrina em mim a alma filha das serras, que me canta baladas de azuis madrugadas, me afogando de luz e eternidade.
Meu nome ninguém sabe, pois que, também, nestas paragens ninguém é obrigado a saber a diferença entre um sabiá e um melro e, porque estes os há também mouriscos.
Sou pedaço de pedra lascada arrancada de algum pináculo serrano, com enfrentei a legião romana, a horda maometana; é talvez por isso, que ainda hoje eu canto o amor e a saudade. O tempo em mim não tem idade.
O mundo cabe dentro de mim e, eu o abraço em cada canto, com que faço o meu canto. Não façam caso, pois, se de quando em vez eu chorar a aurora, e cantar o pôr – do- sol, pois que, o dia, como a vida, morre ao nascer e, nasce ao morrer, para o grande mistério que é feito de todas as vidas, e, cada vida é uma luz que deve iluminar alguma avenida, ainda que sem princípio ou fim.
Eduardo de Almeida Farias