Não te peço a quietude ribeirinha,
tranquila, mansa, esverdeada
da doce água parada.
Peço-te ondas, peço-te sal,
peço-te exaltadas ânsias,
que saltem de encontro às minhas.
Não quero ser margem branquinha,
tranquila, passiva.
Quero-te mar minha margem
de arriba, perdidamente perdida;
enseada, escarpa polvilhada
de fúlgidas, gritantes gaivotas!
Mas vem de manso, maré baixa,
deixa que a rocha tão seca
a ti se abra, faminta da tua procura.
Deixa-me encontrar
a tua sede na minha,
deixa acontecer,
fluir meu ser
até teu querer encontrar...