MULHER DE COR VERDE

No beco da tua poesia humidecida com ndoka

Escondem-se combustões com degraus

Emudecidos pela falta de coragem

Para enterrar meus medos, mediante teus seios

De sangue, de perfídia, de metáforas antigas

Faz-te erguida, ó mulher de abertos lábios

Pega a enxada da vida e vamos, juntos

Plantar as nossas tardes de carências

Que sabe à dor real tua cintura fina

A terra cândita onde as abelhas

Repousam o volumoso sémen

Da arrogância, com tamanha-malvadez

Um ngoma [batuca-me], sem teu receio

Cria-me uma enciclopédia de esperança

Num desencontro entre dois planetas

Totalmente opostos um do outro

Para razões epistemológicas

Que somenos teu sangue, ao fim do mês

Consegue molhar-me a língua sedenta

De crenças, e viver livremente saudável.

Angola, Saurimo, 30/03/2021

Salvador de Jesus Ximbulikha

Salvador de Jesus Ximbulikha
Enviado por Salvador de Jesus Ximbulikha em 11/04/2021
Código do texto: T7229135
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.