Valerianas

Agora é a hora de reconciliar

De estender a fraterna mão

Derradeira chance de amar

São tantas almas encerradas

Tantos amigos interrompidos

Não há o que esperar

Eu moro na praia

Eu moro só

E não desisti de amar

Eu amo o sol de dia

E me enamoro de luar

Durmo na areia quase todo dia

E me iludo no sonho de esperar

Trindade hoje é meu lar

Na praia do meio ela irá me encontrar

Contemplando o portal de dark

Ou apenas velando o sono do mar

Eu guardo minha faca para as onças

Se me quiserem, trabalho vou dar

Mas a cada som vindo da mata

Escuto os passos dela a me procurar

Valerianas ervas de cura e morte

O perdão é meu nome

Dores não hei de cultivar

Eu vivo da pesca e de lembranças

Eu penso em versos tudo que há de pensar

Os peixes procuram minha isca

Mas minha amada teima em desdenhar

Não me importa com quantos deite

Será que se lembra do meu olhar?

Será que meus versos ainda surtem efeito?

Ou são troféus para colecionar?

Vem logo que o tempo é sombrio

Estamos velhos para poder esperar

Mas meus olhos eram de menino

Quando seus olhos resolviam admirar

Meu leito areias brancas de Trindade

Repouso etéreo na beira do mar