O BÊBADO EQUILIBRISTA
Lá vem o bêbado,
Com seus passos oscilantes,
Ao sabor das chacotas
E das gargalhadas...
Lá vem o bêbado,
Com seu ar de grandeza,
Tão senhor de si
Mas cambaleante...
Lá vem o bêbado,
Na sua grandeza tão pequena,
Como se suportasse o mundo,
Mal contendo a si...
Lá vem o bêbado,
Com sua sapiência de botequim,
Com seu cabedal de impropérios,
Na estreiteza das ruas...
Lá vem o bêbado,
Na sua demora no andar,
Nos seus trejeitos e risos,
Aos transeuntes e vizinhos...
Lá vai o bêbado,
Em mais um cair de tarde,
No seu esforço sobre-humano
De se conter sobre as pernas...
Lá vai o bêbado,
Mais ruidoso do que as máquinas,
Mais engraçado que os palhaços,
E o mais inocente entre os mortais...
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