“Sentir o amor, muito mais do que apenas saber que ele existe”
A última noite foi um desastre
Pretendia compensar qualquer transtorno ocorrido no dia
Carícia em forma alimentícia, tua série favorita na tela
Tuas coxas descansando sobre as minhas pernas
Te fazer sentir bem quista, amparada, protegida
Depois das longas horas de um dia bem gasto
Não há culpado, plural ou singular, nesse caso
O crime foi cometido já cientes
De que por trás havia o castigo
Só quis chorar, de soluçar, de sumir,
De somar minha dor a tua dor, digerir
O que já passou, entressonhar o que está por vir.
Outra vez que um pequeno acontecido, insignificante
Significou tanto por aqui, ficou enorme diante de mim,
Fincou bandeira e fez base, aliança covarde
Das que um deus premedita, mas não pode sentir.
Dentro da minha cabeça falava sobre o que nunca quis ouvir
Contaminando pensamentos sensatos, revelando
Com clareza a doença que reluto admitir.
Parecia me esmagar, me roubar o ar…
Ontem a noite percebi que o destino planejado
Depende de um caminho pelo qual trilhar (o que
não quer dizer que eu vá parar de planejar).
Atravessei minutos perdido no tempo
Que pareciam muros, que pareciam não passar
Que não sei descrever em palavras e tudo
Só aquietou perante aquele abraço,
Naquele instante que estávamos juntos
Na cama, no conforto do teu corpo quente,
No clima tíbio, sugerindo inverno,
No aconchego das cobertas, ainda outono
Me salvando das maiores roubadas,
Sejam elas internas ou externas,
Pessoais ou profissionais, meu cais
Onde sou conduzido em segurança do mundo.
31/03/2021