CEGO AMOR
CEGO AMOR
(Ivone Carvalho)
Náufraga, lutei, incessantemente, contra a maré,
Buscando encontrar um porto seguro,
Perdida, me vi em igrejas e em cabarés,
Senti-me isolada por altos muros...
Percorri o caminho de extensa estrada,
Levei a solidão, como companhia,
Sucederam-se as noites e alvoradas,
E só a escuridão era o que eu via.
Obstinada, não podia te ver tão perto!
Esqueci do firmamento, o nosso livro aberto!,
Onde, certamente, me aguardavas!
Tropecei nas estrelas, derrubei a lua,
Na minha cegueira, vesti-me de nua,
Só então descobri o quanto te amava!