Memórias de Taperapuan
Lembro-me com clareza
De uma noite; Taperapuan acesa.
Uma lua cheia, dela e de certezas,
Um poeta desconhecido,
Contemplava sem fineza
Aquelas ondas pratedas: que beleza!
Entrava na água salgada
Pensando na vida que levava.
Meio bêbado se perguntava:
Se dias melhores, por ele esperava?
As prateadas e mansas ondas
Que no seu peito quebrava,
Parecia um anúncio
De que tudo mudava
Taperapuan já sabia, ele nem imaginava.
Aquela imensa lua cheia
Que do horizonte se erguia
Dizia ao poeta, em pleno céu da Bahia:
Essas prateadas ondas,
Que seu peito desafia,
São presentes de São Jorge,
Que te darão tanta alegria,
Que nem em mil vidas,
Tu pensavas que existia.
Agradeci a lua cheia pelo espetáculo
Que havia assistido.
Contemplei uma última vez
Toda prata que Taperapuan me oferecia
Numa certeza de todo ser,
Que jamais na minha vida,
Algo de mais bonito eu veria.
Mas quando em seus olhos entrei,
Essa noite me ficou sem magia.