POEMA OITENTA

Coroo-te minha Rainha.

És dona de minha vontade de te amar,

das minhas varizes, do meu carinho,

da minha contratura muscular,

do meu tesão, da minha insônia...

Reinará por tempo indeterminado

em meu coração de idade avançada,

mandará em meus dedos afetuosos,

dará ordens ao meu quadril avariado,

pedirá que as borboletas levem a ti

meus beijos que adoro te oferecer,

me porá a dormir depois do meu cansaço...

Um dia, quando a carruagem celeste

vier me buscar, e eu sumir entre nuvens,

te direi que fostes a Rainha mais bela,

mais que me amar, cuidou de mim,

e entre flores no campo sei que porás

meu nome em caligrafia caseira,

dizendo, eis aqui meu amor,

que está com Deus,

e para sempre comigo...