Tempero dissimulado
Me perguntam por que escrevo poemas que falam de amor e sofrimento,
pensei um dia que tudo que escrevia era fruto do que sentia naquele determinado momento,
mas não, escrevo somente o que advém do âmago de minha alma, e com muita calma, sigo minha tentativa incansável,
tarefa essa inadiável de tentar me livrar do que me atormenta, de tudo aquilo que me atenta nos momentos de solidão, porém parece ser em vão reduzir tudo que sinto em rimas e versos,
meus fantasmas insistem em permanecer imersos na obscura imensidão de meu coração.
São mínimas as chances de alcançar meu objetivo, aquele desejo primitivo de faze-los entender o que aqui dentro se passa,
sendo uma espécie de auto trapaça, escondo no interior desta carapaça o verdadeiro sentimento que me aflige,
é tipo uma escrita que transige deixando meu interesse de lado, sou um escritor dissimulado quando quero falar de amor,
porém quando desejo expressar minha dor, o papel se desespera, pois minha escrita com sofrimento o tempera, com o desejo
de que sofra também o leitor.