Minha arte
Heis que aqui deixo meu quadro, minha arte...
as letras são meus pincéis;
meus pensamentos são o retrato do meu dia...
soturno, embevecido pelo negrume de olhos perolados
que num cintilar ressoado pela luz do sol
me embriaga com o teor de um perfume que exala pelo vento a fora.
e lá estou ao raiar do sol imerso na rotina
que mesmo tocando a pele passa desapercebido
e no inconsciente de minha mente um grito ecoa por entre as paredes dos ouvidos....
e um chamado é visto.
Logo, me pego novamente a escrever e pintar meus quadros
e aqui, dar-me-ei o melhor para registrar minha pintura.
pintura a qual revela um desejo, uma vontade, uma necessidade...
necessidade não do outro(a), mas um enorme apetite de se provar...
mas como difícil aceitar que cá dentro deu há forças indomáveis?
e la vem ela com seu singelo pedido de ajuda intelectual, talvez emocional...
e uma dúvida surge! intelectual ou emocional?
E logo, o desejo velado pelo poder do real
real duro, que se faz presente incessantemente...
muitas vezes amargurando o doce prazer da vida..
e aqui regozijo-me pela vida, pois nela me permito prová-la...
E novamente vem ela, com lindos cabelos negros
e seu olhar negrume, perolado, penetrante...
toma meu ser, assim como o sangue o percorre todo.
e tomado pelo poder desse ser, me pego a pensar, elocubrar, devanear...
Hei de zelar por esse desejo...
mesmo que seu destino seja diluído muitas vezes pela rotina!
hei de tocar esse rosto tocado pela divindade?
hei de sentir as belas curvas desse rosto majestoso?
Desvelo o velado e velo pelo ato de seduzir o que almejo...
pois pensar demais é despropositado...
Para que pensar muito quando a vida escorre por entre os dedos?
E nada temos de controle, nem do tempo, nem de nossas turbações.
A vida nos convoca assumir um lugar!
Lugar a qual só cabe aquilo que lhe vai na alma.
Não penso, pois pensar é o limite para o qual me trava.
e meus olhos são meus sentidos.
e meus ouvidos são os desejos que outrora surgiu
e hoje me ponho a ratifica-lo.
Heis minha lira, minha ladainha,
meu poema sem verso, sem rima...
e nas entrelinhas minha alma!