COLHEITA

colho as palavras de sua boca
com a ânsia de entender
o que vai em sua alma
apanho-as como flores brancas
toco as pétalas orvalhadas
e faço-me líquida

danço em suaves movimentos
em bailado sísmico
e você, incrédulo, se faz terra
recebendo minha flor, 
e para meus delírios
germino-me entre chuva de carinhos

são tantos segredos embutidos
que escorrem pelas minhas mãos
como aqueles rios mansos
em águas constantes e plenas
naquelas tardes floridas de setembro

interiorizo-os sem tentar entendê-los
eles são aquelas valas
onde tropeço em meus sonhos
debruçando-me no parapeito imaginário
daquela ponte solitária 
que une a sua vida à minha solidão

e lá eu derramo todas as minhas lágrimas
nas águas agitadas e por vezes calmas
das minhas tão mesmas ilusões
Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 22/03/2021
Reeditado em 14/07/2021
Código do texto: T7213099
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