O OPOSTO IMPERFEITO (RICARDO OLIVEIRA-13/03/2021) 

Assola-me neste instante,
O temor pelo qual desmorona meus sonhos,
E um palácio construído pelos meus sentidos,
Mas, que antes, era um cálice de cristal,
No qual eu tomava as essências das rosas,
Plantadas nos jardins de um paraíso,
Agora, transformou-se num objeto fúnebre,
Cujo sangue é a bebida intragável da consciência,
Uma vez que, somente a posso beber,
Diariamente, tendo as cores desta manifestação,
A escuridão como fonte inesgotável de quem sou!
Vejo-me queimar-me inteiramente neste inferno de Dante,
Estando diante do Demônio a engolir meus pecados,
E nisso, já não mais posso ser encontrado,
Porque hoje, perco-me num mundo tão inferior,
Quanto o convencimento de estar sobre os seus domínios,
Vivendo a punição de um único crime praticado:
O de esconder-me sob um manto do esquecimento.
Este a provar-me de antemão,
O quanto o ato sublime de negar a mim mesmo,
Acaba por negligenciar a absoluta verdade,
Mantida constantemente aos elfos e fadas,
No interior do inebriante coração do mistério.
Todavia, sois o anjo revelador do alto de uma montanha,
Onde o poema liberta-me das aparências,
A cobrir-me novamente, novamente,
Como um miserável déjà-vu a desfigurar o meu rosto!
A quem deseje na imensidão do oceano,
Procurar dentro de uma concha,
A pérola a qual fornecerá,
O significado do vigésimo primeiro,
E do vigésimo terceiro verso,
Querendo assim, a fórmula para seguir em frente,
Nesta luta imprevisível pelos caminhos do deserto,
E numa miragem incomparável do que se possa enxergar,
O oposto imperfeito de uma alma insolúvel.
Ao passo de não estar a mercê de uma prisão invisível,
Tentando escapar para buscar apenas num olhar,
O tempo inesgotável da melhor versão de si.
Porém, sei muito bem, a definição de ambos os elementos,
Ser uma folha guardada, a espera de todas as coisas,
E na totalidade do que percebo ser até questionável,
Deparar-me num ano de mil novecentos e quarenta e dois,
Reencontrado numa vida passada, traços tão simbólicos,
De uma realidade já compreendida.

TODA SEGUNDA-FEIRA  E DOMINGO ATÉ ÁS 23:59
Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor)
Enviado por Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor) em 14/03/2021
Código do texto: T7206632
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