DE VOLTA AO PASSADO
Vivi sem saber que era amado.
A vizinha piscava o olho, sorria,
eu saía pro trabalho, apressado,
eu achava que ela se confundia,
era muito bonita, eu mal acabado...
Um dia resolvi chamá-la prum café,
ela aceitou, feliz com o meu convite,
eu ia deixar de ser só um Mané,
ia passar a ser um cara de elite,
comprar carro novo, vender o pois é...
Que noites lindas tivemos, à sós,
vendo filmes e trocando carinhos,
sumiu de mim aquele frisson de dó,
fiquei ronronando feito um gatinho,
ela, amada e tratada à pão de ló...
Mas o amor, às vezes, nos engana,
finge ser sincero mas é só imaginação,
só entendi quando voltou pro Alabama,
pro marido, parecido comigo como um irmão,
voltei pra vida de solteiro, rolando na cama,
escrevendo poesia e tocando o velho violão.