APENAS UM PEDIDO
Não corte minhas asas,
por favor deixa-me voar
a distantes plagas
num fascinante devaneio,
me ponho a sonhar
com noites enluaradas,
manhãs disfarçadas
em sorrisos de paixão
que se cumulam de anseio
ao tom da tarde!
O céu me aguarda,
o mar me espera pousar
no alvor de suas cristas
e os campos me oferecem
as flores, sementes e rebentos
dos quais me posso alimentar!
A natureza assim me forjou
numa quase dor pelo martelo
dos pensamentos e o fogo
da saudade!
Os lírios do campo me vestem
na alva da madrugada,
quando frescos espargem
o olor das cantatas no arrebol!
Deixa-me apreciar as crianças,
os animais, as nuvens, o sol,
as ruas ladrilhadas de amor
e as casas azulejadas de céu!
Não corte minhas asas,
pois as quero abraçando o
mundo e embalando a dor
dos que ficam à beira
do caminho!
Não mutile meus sonhos
pois que, num futuro,
serás tu a rogar-me
os devaneios perdidos!
Eugênia L.Gaio