Minha espanhola
Eu era o mendigo da praça da Sé,
Centro geográfico da capital paulista.
Todo mundo me chamava de seu Zé.
Ela só me nomeava: “meu violinista”.
Ali, batia ponto, e me dava uma esmola.
Era uma bela senhora de classe média.
Parecia com o amor da minha vida, a espanhola;
O meu coração morria em coma por falta dela.
Meu Deus, como posso sofrer assim?
Essa saudade dói demais por ter amado uma mulher.
Deus de Abrão, tenha pena de mim!
Virei esse farrapo feito bicho qualquer.
A minha Espanhola está grudada em minh’ alma.
Quando ela morreu, joguei tudo fora...
Sou o infeliz solitário que vive no meio da “massa”.
E, agora, até essa lembrança quer ir embora.
Senhor, agora me apareceu essa senhora.
Não sei se estou louco ou se é um novo amor...
Não apague do meu livro a minha história.
Eu lhe suplico, Senhor, atenda o meu clamor.
Não cancela o meu amor... ainda estou amando.
Sou um homem aflito dentro do meu coração.
O meu sentimento enfermo só vive lamentando.
Não estou preparado para viver uma nova relação.