OS OUTROS

Há muito tempo rezo praticamente todos os dias

Não faço aquela oração convencional

Aquela em que os fiéis se ajoelham, ou estendem

as mãos para o céu, ou berram aos quatro cantos

Normalmente fecho os olhos e internalizo minhas penitências e desejos

Às vezes estou no banheiro, ou deitado

ou dirigindo ou em uma sala de espera

Em qualquer lugar me sinto à vontade

Preciso apenas estar no silêncio

A conversa travada também não é nada convencional

Falo com Deus como me dirijo a um Grande Amigo

Palavras simples, diretas, corriqueiras

Nunca sou respondido, mas o que me importa é desabafar,

pois sei que Ele me ouve

Antigamente rezava por mim, pela minha família,

pelos meus amigos ou pelas pessoas que sentia empatia

Mas hoje peço a Deus pelas pessoas que vejo na rua ou na TV

ou imagino que existam e que estão sofrendo

Entendi que não há muita grandeza em rezar

pelas pessoas que nos são queridas

Não porque elas não mereçam

Mas porque acho que é muito egoísmo pedir coisas boas

e bênçãos às pessoas que amamos e prá nós mesmos

É natural que queiramos o bem dessas pessoas

Mas difícil mesmo é amar e querer o bem

de quem não conhecemos ou gostamos

Qual é a grandiosidade de um professor que ensina um aluno exemplar?

Qual é a importância de um depoimento de réu que se autoelogia?

Qual é a excelência de um hospital que só trata de pacientes saudáveis?

REMI
Enviado por REMI em 09/03/2021
Reeditado em 22/11/2023
Código do texto: T7202550
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