ORGASMO LITERÁRIO
Sou deveras um profundo e ardente admirador das artes.
A arte do canto, a arte da interpretação, do teatro,
da mímica, da oratória.
A arte de moldar o barro, de pintar a vida, de tecer as cousas.
A arte do instrumentista é fenomenal.
Mas a arte que mais delicio é a arte da escrita.
Frases bem formadas, a concatenação perfeita de ideias,
palavras inseridas de forma a não lhe faltar qualquer espaço ou significado.
Isso, sem dúvida alguma, é o ápice da perfeição.
Observem Euclides:
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte.
Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário.
Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima
das organizações atléticas”.