A estrada
Essa ideia parada no tempo
Ou de um romantismo perdido lá atrás
Onde a vontade
Dependia do desejo
De viver depressa
Mas sobretudo de viver intensamente
Cada momento
Essa ideia
Despojada de maturidade
De querer contigo fugir à noite
Sem rumo
Fugir por fugir
Sem que nada nos pudesse parar
A não ser um deus anónimo
Que não sei se acreditávamos
Ou fingíamos acreditar
Na idade das certezas absolutas
E ao mesmo tempo de todas as dúvidas
Menos de uma:
Que eras Tu
A Pessoa
Que eu queria para sempre amar
E era este o motivo
Do carro não poder ter um destino
A Eternidade
Teria que ser o nosso caminho
Porque se a estrada acabasse
Tu irias acordar
Saindo do carro
Para nunca mais voltares
Por isso nunca me atrevi
A convidar-te para a fuga
Preferindo que esta não passasse de uma ideia
Uma utopia
À qual estou sempre a regressar
Cada vez que a saudade mata
E me faz de ti lembrar
Imaginando então
Essa estrada
Infinita
E não a finita
Onde um dia partiste
Para não mais regressar
Prefiro um tempo parado
Onde o que se tornou impossível
Ainda se pode concretizar...