A estrada

Essa ideia parada no tempo

Ou de um romantismo perdido lá atrás

Onde a vontade

Dependia do desejo

De viver depressa

Mas sobretudo de viver intensamente

Cada momento

Essa ideia

Despojada de maturidade

De querer contigo fugir à noite

Sem rumo

Fugir por fugir

Sem que nada nos pudesse parar

A não ser um deus anónimo

Que não sei se acreditávamos

Ou fingíamos acreditar

Na idade das certezas absolutas

E ao mesmo tempo de todas as dúvidas

Menos de uma:

Que eras Tu

A Pessoa

Que eu queria para sempre amar

E era este o motivo

Do carro não poder ter um destino

A Eternidade

Teria que ser o nosso caminho

Porque se a estrada acabasse

Tu irias acordar

Saindo do carro

Para nunca mais voltares

Por isso nunca me atrevi

A convidar-te para a fuga

Preferindo que esta não passasse de uma ideia

Uma utopia

À qual estou sempre a regressar

Cada vez que a saudade mata

E me faz de ti lembrar

Imaginando então

Essa estrada

Infinita

E não a finita

Onde um dia partiste

Para não mais regressar

Prefiro um tempo parado

Onde o que se tornou impossível

Ainda se pode concretizar...

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 08/03/2021
Código do texto: T7201391
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