ONDE ESTÁ QUEM AMO?
A vida é surpreendente
Cheguei até aqui
Empurrada pelos ventos.
Ventos mansos...
Que sopravam dentro de mim
Nortadas...
Vindas donde menos esperava
A verdade é que cheguei aqui
Ao zénite da minha existência
Estropiada, cheia de mazelas
Mas polvilhada com açucar em pó
E embrulhada em papel de seda!
Contudo...
Ninguém para rasgar o papel
E lamber o açúcar!
Foram em vão as minhas lutas
Que ganhei com tanto empenho e desvelo?
Que é feito da coragem e boa vontade?
Que é feito do amor
Que sempre guiou o meu passo?
Onde está quem amei?
Onde está quem amo?
Fico com as perguntas
As respostas embora previsíveis
Já são inúteis
Estou pronta para encetar a descida
Já não tenho muito tempo
Mas descerei com calma
Não quero molestar as feridas
Cicatrizaram...
Não voltarão a sangrar!
©Maria Dulce Leitão Reis