Não Sei Amar

Não sei amar o apego, o corpóreo desleixo

O tempo passando, sem passar

Não sei se o mundo me sufoca ou

Eu sufoco o mundo,

Com minhas constantes aporias

Com meu amor invisível e falho

Talvez eu esteja tentando muito

Como a a aranha pela parede

Como a cabra nos alpes

Ou talvez minhas intenções sejam um vazio

E não se mostrem

E assim concluo: não sei amar

Não como ama a humanidade,

Nas suas inúmeras e diferentes formas

E ainda assim, de nenhuma delas amo

E posso dizer também que sofro

Sendo amante que não sabe amar

Sinto que amo louco

Talvez eu ame como os bebados viciados

Que se renegam e odeiam a fraqueza - mas -

Sempre voltam pro boteco no centro da cidade

Talvez fosse melhor não amar

Pois amo assim distante

Um amor que deseja fugir para longe

De qualquer enlaço, de qualquer filosofia

Qualquer afago

E ser feliz,

Entre o silêncio.