Margens...
Sou tristonho por ser a margem
Desse rio sinuoso e lento
Sendo tu a margem oposta!
Lá, deitas sobre tapetes de seixos.
Lá onde a brisa parece mais sonora!
Onde a Ingazeira arqueada sobre as águas
Brinca contigo e com os peixinhos
Desde os primeiros raios de sol.
Aqui o sol quase não chega
E em vão os meus outonos
Tentam alcançar a tua primavera.
Ah! essa margem tão perto, tão distante!
Sou tristonho por ser esta margem
Sombria, abrupta. Penhasco da minha alma.
Ah! e se eu espraiasse ?
Mas que infausto, me ronda?
Se contudo, a distância,
Meu coração de poeta em idílios,
a te contemplar, sôfrego,
Se alimenta da tua inspiração?
E vivo, porque vivo a fingir
Que tuas mãos me acolhem
Como acolhem os peixinhos
E a ingazeira!
De JAL. 31/01 - 2021
rev. 2022****
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Do lado cá eu te contemplo e te admiro, ainda que não te alcance, que em ti não toque... meus olhos se iluminam com a tua luz, minha alma se regozija com a tua visão, meu coração pulsa forte a te desejar...
Belas palavras de Erivas Lucena. Um poema...Agradeço!