POEMAS, POETISAS, POETAS...
Vós, poemas, inventem algo alegre
para o fim dos nossos tempos,
se vistam de palhaços para as crianças,
as façam sorrirem, até gargalhar,
mergulhem-nas em nuvens de algodão
até que se cansem e durmam,
cuidadas por homens e anjos...
Vós, poetisas, tragam alento aos corações das mães,
sempre atarefadas em cuidar e dar de comer,
que riem na sala e choram no quarto,
dêem-lhes unguentos e óleos para as mãos,
recitem Cora Coralina, Hilda Hirst, Florbela,
cuidem de seus bebês enquanto trabalham,
elas lhes dirão o quão suave é o amor...
Vós, poetas, ergam suas odes como estandartes,
bebam suas cervejas com os trabalhadores nos botecos,
ajoelhem com eles quando caídos por dores,
elogiem as casas que constroem com suas mãos,
coloquem mais que arroz, feijão e ovos em suas marmitas,
não os humilhem por seus bolsos vazios,
são eles os poetas da labuta diária,
humanos versos da dignidade...
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