QUEM SABERÁ?
A flor em sua delicadeza viu o tempo tocar sua pétala,
Enquanto dançava ao ritmo do vento e do ar,
Sentindo a veludez aos poucos se afastar,
E tudo que ela podia fazer era assistir, calar e continuar.
A pedra áspera viu o tempo sussurrar em ventos alisando sua superfície,
Mesmo sua resistência e bruteza não escapavam de um singelo lapidar,
Quem é o vento que alisa a pedra sem ela trepidar,
Quem é a pedra que com toda estrutura não resiste ao tempo sem mudar?
A flor de pétala danificada, a pedra rustica pelo vento e o tempo lapidada,
São faces do mesmo ser e suas histórias não contadas,
Revelando que cada parte pode ser alterada,
E que não seremos os mesmos após a alvorada.
O tempo conta no vento a história da renovação,
A flor e a pedra revelam a transformação,
De quem aceita do universo aquilo que não pode mudar,
Mas que se mantem atento, a todo momento, para as coisas do amar.
A pétala não será para sempre, mas no seu fim a planta espera o revigorar,
A pedra que parece resistir aos instantes, amanhã quem saberá?
E o tempo e o vento às vezes sussurram desapercebidos, outras podem bradar,
Mas se a essência em si for um robusto amor, até nos momentos mais duros irá exalar.
A pedra e flor são como a alma e o espírito,
Os pensamentos são o tempo e vento,
Abraçando o profundo do ser e a cada intento,
Fazendo-nos entender que a vida é um eterno remanejamento.
A pedra e a flor não podem escapar,
Dos efeitos da dança do vento e do ar,
Assim como nosso ser jamais poderá se esconder,
Dos efeitos do viver e do amar, ainda que seja necessário um constante recomeçar.