Caipirinha
Há...se vivesse eu a flor dos vinte anos
Se tivesse o futuro eterno de tua idade
Me perderia no verde-limão de teus olhos
Plantaria sementes em teu ventre açucarado
Te provocaria com gelo nos locais inadequados
Há...caipirinha dos cabelos loiros bem tratados
Teu sabor etílico quase que me tira o norte
Hoje te escrevo da ilha e sorvo rum velho
Embalo meus dias entre rumbas e salsa
Vivo das palavras que a memória me traz
Há...caipirinha não esqueço de onde vim
Sou filho do agreste do luar do sertão
Sou sertanejo raiz e não canto modão
Sou Pena Branca e Xavantinho no coração
Carrego a Guarânia e a moda da fronteira
Cantada na beira do rio Paraguai
Menina rica da camionete azul
Do pai brabo fazendeiro coronel
Tu és digna de poemas de cordel
Há tanto debaixo desse chapéu
Mas sou do mundo escravo do céu
Quero de ti a pinga o gelo e o limão
E a lembrança daquela noite açucarada
Pois sou raiz enquanto és flor
Vinte anos nos separam menina flor
E vinte anos é muito para esperar
Se vivesse eu a idade do esplendor
De minha cama jamais irias escapar
Nesta carta de além-mar te rogo apenas
Mocinha linda não cresças jamais