A MARCA

Tem tantas coisas no mundo que são passageiras,

como o navio que passa e deixa um rastro que se apaga,

a presença da nuvem que daqui a pouco não mais está lá,

o rosto desenhado que a borracha apaga bem devagar...

Todas elas duram um certo tempo e depois se vão,

perdem-se como folhas que no outono se dão por findas,

mas tem uma marca que acontece no coração,

que permanece, acesa, pelo resto da vida...

É como se o amor tivesse garras que penetram fundo,

algo que nunca mais dali desaparecerá,

que está entre nós desde o começo do mundo,

nasce e cresce desde que se aprende a amar...

Quantos tentam arrancar de si e mais se torna viva,

homens que imitam os pássaros e vão rumo ao sol,

outros se oferecem à morte como fossem comida,

saltam no abismo da paixão e se vão no arrebol...

Quando se aceita esta marca, indelével se torna,

o aroma da imortalidade penetra entre todos os vãos,

o amor, em sua plenitude, reina e tudo transforma,

para sempre habitará, entre nós, do céu ao chão.

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