ÚLTIMA INSTÂNCIA

O amor, quando só corpo,

vai ao tatame dos lençóis,

grita em selvagem tom rouco,

explode em brilhantes mil sóis...

Se disso passa um pouco vai

refletir a beleza deste belo ato;

perde o menos e ganha mais,

ruge o centauro em alto mato...

Quem ama vive desta louca fome,

nem de longe se perde em filosofia;

sabe que tudo isto só tem um nome,

a inescrutável, da fome, bruta poesia...

É dada, a quem não ama, a última instância,

saber-se parvo, tolo, fútil, inapto, sem sal;

a quem se entrega, coroado desde a infância,

à flor da pele a sensação humana e sideral...