Soneto para os homens
Dar-te-ia radiante o primo riso
E o último olhar de meus instantes.
Dar-te-ia minhas preces, meu bom siso
E meu dia... Dar-te-ia... Dar-te-ia...
Dar-te-ia minhas mãos para afagar-te
Meus ouvidos, meus estudos, minhas horas.
Dar-te-ia minha voz para embalar-te
E meu colo... Dar-te-ia... Dar-te-ia...
Dar-te-ia uma casa e cem cantigas
Tu serias o meu sol - e eu a lua.
Eu seria tua rocha e tu meu rio.
E sem brio... Amar-te-ia... Amar-te-ia...
Eu sei bem que tu já viste o meu encanto
Para além dessa volúpia que condenas.
Se tu queres só meu corpo, entretanto,
É só isso que terás, sem dó, sem pena.