NEM QUE DEUS MANDAR
Não abras a tua janela
numa manhã ensolarada,
porque lá não estarei,
como a Cotovia, a cantar-te
as canções do meu amor!
Nem tão pouco descerre a tua porta,
na esperança de assim encontrar-me
trazendo-te nos braços meus
sonhos de amor!
Nunca mais contemples o céu sereno,
como dantes, pensando em ver meu voo
solene, como a Juriti trazendo no bico
a flor do nosso amor,
pois que dele ficará apenas o canto
melancólico de tão doce e bela ave!
Estarei distante e mesmo assim
se ainda ouvires o cantar do Rouxinol,
não te iludas, não serei eu como antes
a ninar-te o cansaço após
as horas do teu labor!
Vai-te de mim e segue na tua alegria
irreverente de homem sem amor!
Eugênia L.Gaio