Me Olhe

Balbucio novas trovas

Que lhe abrem o peito

Em tardes sem defeito

Profundas

Armadas

Arteiras

Certeiras

Quando rejeito

Com olhar mal feito

O pleito de meu desejo

De nossa canção

Que nas rádios

Não toca

Fico impróprio

Predicado sem sujeito

Rio sem leito

Mãos sem dedos

Promessa sem feito

E da astuta intensidade

Que move o pensamento

Fica a saudade a ditar

Nos ditames baixos

Do meu coração

Em códigos indecifráveis

Faço meu canto

Esperando que não notes

Mas ao mesmo tempo

Rezando pra que percebas

Nas luas, na rua

Profundezas

Meu pobre sentimento

Minha pureza.

18/04/2007