Colorindo a dor.
A mão hesita,
Através dos olhos d’água procura a tinta
Olhar distante, perdido no passado
Remoto,
De encontros ausente,
Quase cheio, quase vazio, pouco mais que nada
Menos pouco de tudo o que faltou,
O passado regurgita em vômitos tardios
O ciclone revira as entranhas
Nada mais resta para inspirar o traço
Do nada que habita a alma
Que pede a tinta
Para colorir papéis virgens de dor
Angústia que verte suave,
A mão que acha a navalha,
A mão que corta a carne,
O sangue que jorra no pincel,
Finalmente a tinta perfeita para colorir o papel.