NENHUM POETA
Nenhum poeta é pobre.
Tem história, alma nobre,
veio do reino onde tudo brilha,
à ele é dado possuir uma ilha
onde guarda seus tesouros,
sonetos esculpidos em ouro,
poesias tecidas à mão
que vestem as palavras
que tem coração.
Nenhum poeta é infeliz.
As lágrimas que escorrem sobre o nariz
são necessárias para representarem a dor
que lhe devasta a alma, em nome do amor,
ele, que busca a fonte que jorra versos,
que toca a cítara do canto pérsico,
sabe que sente pelos que vivem em letargia,
ama sem a medida que mensura a tristeza,
em sua epopéia ouve as sereias da poesia.
Nenhum poeta se sente abandonado.
Leve-o à beira de um rio e, à nado,
chegará à margem que tanto procura,
sob o sol ou dentro da noite mais escura,
escavará como um arqueólogo curioso,
buscará a palavra mais bela, seu tesouro,
vasta imaginação lhe foi dada em sua partida,
de sua mão jorra o que o universo cria,
dá à si o que lhe ocupa, o significado da vida.