Ribeira
A beira deste flume, onde tudo devia ser curso
Pairo sob nuvens que ameaçam tempestade
Nuvens do amor não vivido dos anseios contidos!
Rio que não flui, água turva de correnteza serena
Feito louças de ribeira que se perdem na água, envoltos de areias.
Num instante tudo para, o rio, o ar, as aves a correnteza e as nuvens.
E assistem o doce sorriso de tê-lo em meu semblante
Saudades, torrentes de meu peito!
Mira que conforta o riso, lua espelhada ao mar
Como quem busca algo perdido nas profundezas deste leito.
Um vago brilho que se esparrama em busca de aconchego!
Saudades que o semblante não esconde
Dor na alma aprisionada que com nada passa que nada sara, como um canto triste de uma coruja antes da alvorada!
Mais que um clamor, olho para a campina onde o sol se deita e meu peito é preenchido por uma tristeza que nasce uma certeza, de que há coisas que não voltam atrás.
Saudades turbilhão de emoções que se extravasam e brotam nos olhos tristes da doce ave que outrora rapina.