TENTE
Escreva e apague,
apague e escreva,
na folha desague
da poesia a seiva...
Se precisar diga não,
escape do sinuoso sim,
o asceta diz que é ilusão,
o profeta diz que é o fim...
Monte e desmonte
as coisas que acha mutáveis,
nos conte e desconte
as possíveis variáveis...
Leia o que não pode ser lido
nas entrelinhas do que vê,
expanda todos os sentidos,
semeie, espalhe, basta crer...
Além da linha do horizonte
há um lugar por você esperando,
onde estará diante, defronte,
da alma do mundo, dançando...
Se queres ser poeta, seja,
tornar-se a própria poesia,
senta, abdica, em sua mesa
escreva sendo o que seria..
Tente mudar o mundo
e terás que mudar você
sabendo que lá no fundo
está o que queres ser...