Um N'outro

Viver,

Na integra descrição,

De uma sociedade viva,

Esperando para morrer.

Mas, num certo costume,

De dança e herança,

Eroticamente, como cardume,

Somos acertados por uma lança.

Arma esta, arremessada,

Por uma mão pesada,

Da consciência de quem lançou,

Como quem amou.

Pois, o amor, floresce,

Ele cresce,

Dança no oeste,

De um corpo que permanece.

Guardamos lágrimas,

Gastamos sorrisos,

Engolimos lástimas,

Somos intrínsecos.

Enraizando, profundas comoções,

Quem vem de vozes e ações,

Soberbos nas paredes,

Somos desses.

Amar, é estar um n’outro,

Uma época de ouro,

Mas quando dificultam,

Numa comunicação esdrúxula.

São caminhadas na avenida,

Somos pesos sob a água,

Mergulhados,

Serrilhados.

Nascemos sabendo viver,

Nunca sabendo morrer,

Pois é processo,

Nunca conclusão.

Mas, sou cético em céu,

É como um véu,

Vivo numa constante reencarnação,

Presente da criação.

Aprendemos a preservar,

A vida, os momentos,

Numa epifania de sentimentos,

E se nós morrermos?

Não por causas naturais,

Nem por acidentes imorais,

Mas por um assassinato,

Seria um humano nato.

Se eu matasse a sua versão em mim,

E a minha em ti,

Poderíamos agora,

Nessa nova reencarnação.

Sem morrer,

Mas aprender,

A amar outra vez,

Nesta dada vez?

Abriria sua porta novamente,

Me receberia a beijos e dentes,

Num bom dia e amarga noite,

Sua voz, o meu açoite.

Estou cheio de péssimos recomeços,

Mas sou digno de merecê-los,

Pois sofro calado,

Acabo sufocado.

Vivendo um n’outro,

Numa época de ouro,

Teríamos trigo e dente-de-leão,

Num país frio,

Só por diversão.

Um n’outrora,

Sob a luz da aurora,

Me despe sob sua luz,

Me prenderia, me seduz?

Me cobriria sob cicatrizes,

Que nunca foram minhas,

Mas as assumo por empatia,

Eu faria.

Me preencheria,

Sob um todo,

Dentro do quarto,

Dentro do cômodo.

Territorialista,

Amadora,

Artista,

Atora.

Falaria no meu ouvido,

Como me queria só teu,

Incrédula de desamor,

Verdadeiro ateu,

Que não acredita na dor,

Enquanto ao meu lado?

Eu vivo,

Encarnado,

Sob pele e fogo,

Esperando um doce amargo.

Vivendo dentro de ti,

Para ti,

Por nós,

Me faria livre sobre nós.

Se me matasse,

Morreria sorrindo,

Com dor por perder a vida,

Mas pelo menos,

Me amasse.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 11/02/2021
Código do texto: T7181682
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