A FOTOGRAFIA DO AMOR

Eu fotografei o amor.

Estava escondido no jardim do Palácio do Planalto,

esperando deputados e senadores e artistas,

quando um casal, ele vindo do Norte, ela, do Sul,

(parecia um encontro marcado), se encontraram...

Primeiro, um abraço longo, depois, um beijo demorado

e foi aí que eu vi, primeiro um brilho fugaz, um clarão,

depois um vulto não muito preciso, de braços abertos,

espalhou luz sobre os dois, mistura de amarelo e azul...

Eles foram embora, de braços dados, e eu fui ver as

fotografias na máquina.

Os dois estavam lá, apaixonados, o encontro e o vulto.

Nem alto e nem baixo, nem gordo e nem magro,

tinha todas as cores, emanava uma sensação muito boa,

a máquina estava quente, eu sentia arrepios, boquiaberto,

daí me dei conta de uma coisa extraordinária:

havia fotografado o amor.