PERNAS

As pernas dançam, lançam chamas quando se esbarram,

Amarram as presas, as certezas e se soltam, não voltam,

Sabem como seguir em frente, rente a ilusões e crenças,

Sentenças que impuseram, deram com os burros n’água.

As pernas descansam horizontalizadas e espiritualizadas

Até a página dois, depois, é outra história, basta memória

Para correrem por velhas rotas temerárias, áreas de risco,

Onde um disco vira trilha sonora e explora certas lacunas.

As pernas tremem e gemem quando são muito solicitadas

A contribuírem com músculos e elasticidade, a eletricidade

Corre pelas veias até iluminar o corpo, oxigenar o cérebro,

Criar teias e amarrar as vítimas com lençóis e laços fortes.

As pernas titubeiam e bambeiam quando sobrecarregadas

Por tantas demandas, cirandas intermináveis, banhos frios,

Quando não se sustentam, comentam que valeu o esforço,

No dorso algumas marcas quase incorporadas e evidentes.

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